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21 de novembro de 2016

Provando chás verdes Yamamotoyama

Estou eu aqui com alguns chás Yamamotoyama para escrever a respeito há um tempo, e nunca me arranjava tempo e disposição para provar, anotar, testar, fotografar. Eis que a disposição chega e então vamos à luta.

A Yamamotoyama do Brasil é uma empresa brasileira, com cultivo dos chás no interior de São Paulo, assim como outras marcas das quais já falei aqui (Amaya e Obaatian). Até pouco tempo, era a única que produzia chá verde decente em solo brasileiro, agora a Amaya está se propondo a isso também - embora a maior experiência, técnica e variedade de tipos ainda deixem a Yamamotoyama  bem na frente.


O site deles é bem bom em explicações, você pode visitar lá e saber que "em 1970, foi fundada em Tapiraí, Estado de São Paulo, a empresa Green Tea, predecessora da Yamamotoyama do Brasil", entre outros detalhes da empresa.

Eles me enviaram três tipos de chás para eu provar, logo abaixo falo sobre cada um deles. São todos verdes - eles só produzem chá verde e um chá branco. As instruções de preparo são as mesmas para todos, e são um pouco confusas (pedem para colocar as folhas em uma chaleira - o que pode parecer que é pra fazer cocção e não infusão - e depois despejar "a água fervida", mas não disseram pra ferver a água) mas, enfim, imaginei o que eles estava querendo dizer e preparei todos do mesmo jeito: utilizei em torno de dois gramas de chá para uma xícara de 210 ml, o que dá uma colher de chá bem cheia de folhas, ou duas rasas; coloquei água quente, em uma temperatura de aproximadamente 80ºC, e deixei por dois minutos (água boa para chá verde é entre 80ºC e 85°C, geralmente; é só desligar quando começar a querer se formar borbulhas grandes no funda da chaleira, ou deixar ferver e aguardar uns dois a três minutos antes de colocar no chá). Nestes chás o tempo e a temperatura são importantes, pois amargam fácil, é bom se ligar se não quiser ficar com uma infusão ruim na sua xícara. O resultado temos a seguir:



- Guenmaicha - é o tradicional chá japonês com arroz torrado (foto mais abaixo). Uma diferença deste chá Yamamotoyama é que os outros guenmaichas que eu conheço vêm com os grãos de arroz no estilo "flocos", alguns até com os flocos estourados como pipocas (veja aqui um exemplo), e este aqui vem com o que parece mesmo arroz cru torrado. É bom, suave, com o característico sabor tostado do arroz, e o chá sem ser amargo, dando uma infusão verde claro - neste caso, é uma mistura muito acertada de sencha com bancha, resultando numa bebida leve mas marcante. Guenmaicha acho uma boa opção para acompanhar uma refeição ou pra dar aquela esquentada num dia frio. Diz no site deles que contém matcha também (o que explica o pozinho verde que cobre as folhas e a cor mais viva da infusão), não sei por que não está escrito isso grande na embalagem, pois é algo que chama a atenção do público, mas para o sabor não faz muita diferença (já havia provado um guenmaicha do Japão mesmo com matcha, e o sabor é parecido demais com o sem matcha).

Nota do Chato dos Chás: 4 de 5 (sabor marcante e leve, sem amargar)

- Bancha torrado - Segundo eles, "é o bancha passado pela máquina de torrefação depois de pronto". Gosto bastante, tem um sabor marcante, que parece alguns oolongs mais oxidados que já provei (especialmente o Butterfly), não é pesado e, diz a marca, tem pouca cafeína. A cor da infusão é um marrom claro bem transparente. As folhas são amarronzadas também, com aroma forte de tosta. Ele amarga com facilidade, então se deixar um pouco além do tempo já fica com uma bebida menos agradável (se ficar um pozinho no fundo depois de coado, pode crer que o final da xícara estará com amargor).

Quero aqui fazer uma observação: na embalagem deste Bancha, ele tem a identificação "chá verde torrado", o que leva pessoas a crerem que banchá é chá verde torrado, mas não é; banchá é um tipo de chá verde, como já falei num post aqui. Neste caso, ele é torrado, e a mesma marca tem um outro banchá que não é torrado. Mais claro seria que a identificação na caixa fosse mesmo Bancha Torrado.

Nota do Chato dos Chás: 3,5 de 5 (porque amarga fácil, acaba ficando uma bebiba menos boa no final da xícara, onde está o pozinho  que passou do coador)

Atualização: fui alertado nos comentários sobre o fato de as embalagens trazerem os nomes dos chás em japonês, e a do banchá dizer "houjicha", que é exatamente um chá verde torrado (geralmente bancha mesmo).

- Orgânico - É o que eu mais tomei, porque gosto da proposta deles de fazer um chá orgânico e queria alguma possibilidade de gostar dele porque estava difícil. Segundo a marca, o chá está "na sua forma natural, sem efetuar processos como seleção e processos industriais", daí não acho que vale a pena, já que o que dá o sabor e a característica de cada chá é o modo como é selecionado e processado (além do modo como foi cultivado), se você só vai colher e vender, é como tomar o chá que sua vizinha hippie plantou na hortinha da sacada e não vai ficar legal - pode ser até uma proposta linda, mas não é assim que funciona um bom chá (e estou falando de chá de Cammelia Sinensis, não de infusão de ervas, que daí pode sim funcionar o "colher e ferver"). Pois não ficou legal mesmo. É o chá com menos sabor e menos profundidade sensorial: ou você faz e ele fica quase sem gosto ou ele fica amargo demais (demais!). Se deixar um pouco mais que dois minutos, ou se colocar água muito quente ou se ficar um pozinho no fundo depois de coado (sempre fica), pode crer que a bebida vai ficar muito amarga e desagradável. Aqui eu lembro: chá verde não tem que ser amargo e desagradável!

Nota do Chato dos Chás: 1 de 5 (porque não adianta ter uma proposta boa - e não digo que ser não-selecionado e não processado é bom, mas sim ser orgânico -, tem que ser um bom chá)



Eles produzem alguns chás de provável maior qualidade, como o sencha e o sincha, estes ainda não provei. Já havia tomado muito antigamente o chá verde mais comum deles, que vendem em pacotes de plástico em vários lugares, e ele era bem bom na época que tomei (falei um pouco dele em um post sobre amostras).

Para saber onde comprar chás Yamamotoyama, visite o site deles, lá tem uma página para indicar locais de venda (em Porto Alegre, o verde simples do saco plástico se acha com alguma facilidade no Mercado Público).

Site da marca: http://www.yamamotoyama.com.br


24 de setembro de 2015

Provando chás da Infusorina

Coisa boa é que o mundo dos chás está se expandindo no Brasil. Temos novas casas, novos produtos, novas marcas e muito conhecimento sendo compartilhado. Uma dessas novas marcas é a Infusorina (www.infusorina.com.br), comandada pela sommelière Renata Acácia há cerca de um ano. Ela tem instigantes blends próprios; dois desses blends eu provei e falo agora deles:


Bem-me-quer - Minha inicial admiração aqui vai para o ótimo chá preto nacional que compõe a base do blend: é o Shimada, produzido na cidade de Registro, em São Paulo. É um chá macio, redondo, com bom corpo, muito gostoso de tomar. Junta-se a ele rosa mosqueta, amaranto e hibisco. Tive um pouco de dificuldade inicial de sentir o sabor dos outros ingredientes, só consegui quando fiz com água em temperatura mais alta do que a recomendada (recomenda 80°C, fiz com 90°C), daí principalmente a rosa aparece no paladar, o que deixa ele ainda melhor - mas isso também vai depender da quantidade de pétalas que você pegar pra fazer a infusão.




Amaranto - Aqui temos um chá verde como base, juntando jasmim, amaranto, lavanda e maçã. Geralmente tenho algumas ressalvas a chá verde com jasmim, mas este compõe muito bem com os outros ingredientes, especialmente a lavanda, que dá uma profundidade super interessante ao sabor, além de um aroma convidativo. É bacana poder tirar o chá do pacote e olhar para ele, para ver todos as flores e outros elementos envolvidos no blend.

Só senti falta nas embalagens da descrição de todos os ingredientes dos blends. No Bem-me-quer falta dizer que tem hibisco, e no Amaranto falta dizer que tem maçã. A propósito, as embalagens são muito bonitas:


Fiz algumas perguntas à Renata para escrever o post e acho que as duas últimas respostas dela são importantes estarem aqui por inteiro:

Qual está sendo o maior desafio de trabalhar com chá no Brasil?
Materia prima necessária. Sinto muita dificuldade de encontrar flores, especiarias, chás de folha inteira (naturalmente, afinal, não são produzidos aqui). Ainda mais nesse momento em que o dolar não ajuda. Mesmo que eu use toda a experiencia e, por que não, contatos no comércio internacional, a dificuldade a nível Brasil é ainda muito grande.
Imaginei que a falta de "cultura" do chá fosse um empecilho, mas percebo a cada dia que as pessoas estão muito abertas ao novo e ao que faz bem.

E qual a maior satisfação de trabalhar com chá no Brasil?
Eu tenho alguns amores e, o Brasil é um deles. Morei em quatro estados e sou completamente apaixonada por pessoas. Gosto dessa troca de informações e compartilhamento e me sinto muito realizada em estar com a Infusorina em um momento diferente do nosso país, momento da geração de valor, de mudanças políticas, de mudanças de valores e de negócios. O chá tem sido um boom e participar disso ativamente é gratificante, receber mensagens, ligações e depoimentos passam muita força e determinação. Então, consigo resumir que: desenvolver juntamente a todos que apreciam a cultura do chá, e difundir a mesma aqui, no nosso país é gratificante por si só. 

Os chás são vendidos pelo site, onde também é possível comprar os chás brasileiros Amaya (que já foram tema de um post, com seu chá preto) e o Shimada: www.infusorina.com.br


17 de agosto de 2015

O que é matcha

A nova moda das empresas de dieta parece ser o matcha. Tem em tudo que é lugar algum produto com este nome. E de tudo que é jeito absurdo - porque, você sabe, nem tudo que se diz que é algo é aquilo mesmo, especialmente neste ramo de alimentação (lembrem-se, por exemplo, que recentemente, seguindo a moda detox, muitos produtos chegaram às prateleiras com este nome "detox", prometendo "desintoxicar" as pessoas, e a Anvisa mandou suspender sua divulgação "milagrosa").


Bom, ok, ninguém liga muito para o que é matcha, bancha, chá vermelho etc,  mas eu ligo. Vamos lá dar uma aprendida no assunto então.

Matcha simplesmente é um tipo específico de chá verde, em pó, produzido de modo tradicional japonês, originalmente usado para a cerimônia do chá nipônica. Estas as palavras chaves: "chá verde específico", "japonês" e "em pó". Fora desse padrão, não é matcha. Pode ser em pó, mas se não for o tipo certo, feito segundo os preceitos japoneses, não é matcha. Pode ser parecido, pode estar imitando, pode querer confundir, mas não é matcha. É que eu gosto das coisas bem entendidas.

Este produto da foto abaixo, por exemplo, não é matcha, é uma mistureba de um monte de negócios. Mesmo os produtos que não são essa mistureba, que consistem em apenas chá verde em pó, se estão nas prateleiras de supermercados ou lojas de coisas naturais anunciando emagrecimento, provavelmente não são matcha também. Tudo bem serem só chá verde em pó. Tudo ótimo com tomar chá verde em pó, mas colocar na coisa o nome de algo que não é, não me parece honesto, apenas marketing pra vender mais com promessas suspeitas (e lojas de coisas naturais estão cheias dessas coisas, vide os detox da vida, os pré-treinos super-power que são só cafeína, os seca-barriga, os cafés verdes, os óleos de sei-lá-o-quê - conheço todos de vista, estou sempre nessas lojas).


Você pode vender um queijo mussarela dizendo que é parmesão? Pra quem não sabe a diferença, pode. Pode vender um whisky de Piracicaba dizendo que é um scotch 12 anos? Pra quem não sabe a diferença, pode. É isso que acontece, basicamente.

E quais são as especificidades do matcha, então? Bom, o matcha vem, é claro, da cammelia sinensis, a planta do chá. Ele é cultivado como um gyokuro (o mais requintado dos chás japoneses), ou seja, nos últimos 20 ou 30 dias antes da colheita a lavoura toda é coberta para que as plantas não peguem mais sol. Isso faz com que diminua o nível de taninos nas folhas (responsáveis por amargor), e aumente o aminoácido teanina, assim dando um sabor forte e marcante mas suave e doce ao matcha, e sua cor fica mais viva e profunda.

Depois ele passa por etapas de processamento específicas das folhas, até que elas sejam moídas em um pó muito, muito fino, utilizando-se moedores de pedra - os de baixa qualidade são moídos em máquinas mesmo, como pode-se ver no vídeo ao final do post.

Propriedades benéficas, ele tem? Sim, as propriedades do matcha são potencializadas por ele ser tomado diretamente, ou seja, ingerimos as folhas mesmo (o pó), e não a infusão das folhas, como nos outros tipos de chás. Assim sendo, polifenóis estão em profusão (que são anti-oxidantes e fazem um bem danado), principalmente um lá chamado EGCG, assim como cafeína. Ele emagrece? Bom, cafeína é conhecida por acelerar o metabolismo; enquanto isso a teanina é cheia de propriedades benéficas e nutrientes. Isso faz emagrecer sozinho? Realmente, não, mas pode ajudar dentro de um contexto,como tudo na vida.


Fiz um teste estes dias, com um matcha de verdade, que nem era de alto nível, e um desses matchas falsos que são qualquer-coisa-que-não-sabemos-o-que-é, comprado numa "loja natural". A foto acima mostra o resultado: o matcha real fica espumoso e bonito, a espuma dura vários minutos e o aroma é fantástico - o sabor também, para mim, mas isso vai do que cada um acha: não tem nada de amargo, mas tem um gosto bem verde, com notas de espinafre e algo umami. Já o "falso matcha" fez pouca espuma, que logo desapareceu, e tinha um gosto amargo de nada, realmente.

É bom aqui salientar que as propriedades benéficas do matcha só estão reportadas porque em estudos são considerados os matchas verdadeiros. Se alguém pega aqueles chás verdes horrorosos que se vendem por aí nas lojinhas (já viram quanta porcaria tem por aí com o nome de "chá verde"?), mói e vende como matcha, nem rezando dá o mesmo resultado.

Então, lembrando: matcha é sim um chá verde em pó, mas é um chá verde muito específico, cultivado de forma específica e processado dentro dessas especificidades. Não é porque moemos qualquer chá que ele se torna matcha, assim como não é qualquer vinho espumante que é champanhe (só pode usar este nome os espumantes da região de Champanhe, na França, você sabe). Se você está assim preocupad@ com sua saúde e/ou dieta, faça direitinho. Se quiser comprar matcha, compre do bom; se quiser comprar chá verde, compre das marcas decentes, nada daquele monte de capim seco cheio de galhos.

Aqui um vídeo mostrando rapidamente o processo de se plantar e processar matcha (eles só não mostram as lavouras cobertas, apenas as lonas amarradas sobre os canteiros esperando a época certa para serem abertas):


Em breve (provavelmente nem tão breve) farei um vídeo mostrando como se prepara o matcha. Ele tradicionalmente é usado para a cerimônia do chá japonesa, que envolve todo um ritual meditativo, mas para tomar em casa normalmente bem de boas também há que se saber como preparar.

Atualização
Onde comprar?
Atendendo a pedidos, segue onde há matcha verdadeiro para comprar no Brasil, que eu saiba:
Talchá - online e nas lojas
Moncloa - nas lojas
Perceba que o preço em "tea boutiques" é bem alto.

Também se encontra em São Paulo, em alguns mercadinhos da Liberdade (cuidado, compre de marcas japoneses, pois marcas brasileiras não fazem o verdadeiro).

O meu eu comprei no Ebay. Você vai ver que os valores são bem mais em conta. Aqui também é preciso cuidado, pois há muita coisa de baixa qualidade - mas geralmente dá pra comprar tranquilo, só que chega dois meses depois.

27 de julho de 2015

Introdução ao chá japonês

Pois se há todo um mundo dos chás, há um pequeno mundo dentro desse mundo maior reservado aos chás japoneses. São chás bastante específicos e diferentes dos chás chineses (que são os mais conhecidos e difundidos) e indianos (conhecidos pelos chás pretos). O chá verde é a qualidade principal, quando alguém lá menciona chá (ocha), é a um chá verde que está se referindo. Além dos próprios chás, os utensílios e a cerimônia tradicional de preparo difere dos outros países. Já falei sobre banchá aqui no blog, e quero escrever sobre matcha e os outros, mas antes farei uma introdução ao tema, retirada do livro Tea Sommelier:

"Chá em todas as suas formas é tão difundido na sociedade japonesa que faz parte de quase toda rotina diária: é servido com refeições em restaurantes (bancha, houjicha), é preparado entre amigos ou em reuniões mais refinadas (sencha, gyokuro), e, é claro, sintetiza a filosofia zen durante a cerimônia do chá (matcha).

No Japão, o chá é colhido de duas a quatro vezes por ano. A colheita na primavera é sem dúvida a melhor e a mais solicitada. O chá verde japonês é tradicionalmente cultivado na província de Shizuoka, lar do melhor Sencha, na província de Kyoto, famosa pelo matcha e pelo gyokuro, e nas províncias de Kagoshima e Kyushu, no sul do país. 

O chá verde lá geralmente retém sua cor viva através de um método de vaporização em alta temperatura desenvolvido em Kyoto em 1738. Durante essa fase muito curta do processamento a temperatura alta bloqueia as enzimas das folhas responsáveis pela oxidação, permitindo ao chá preservar sua cor original."



Foto de Fabio Petroni, no livro Tea Sommelier



29 de março de 2013

Tomando chá: Banchá

Banchá é um dos muitos conceitos cujo significado se adultera aqui pelo Brasil. Se encontra de tudo, desde gente dizendo que banchá é chá verde torrado (pode ser torrado, mas não quer dizer que este é o significado) até quem diga que ele é melhor que chá verde - opa! mas banchá é chá verde!

Banchá é, simplesmente, um chá verde japonês de nível baixo na tabela de qualidade. Temos três tipos principais de chá verde no Japão: gyokuro, sencha e bancha. O banchá lá se origina das folhas que não foram colhidas na primeira colheita do sencha - são as segundas e terceiras colheitas dos pés de chá, geralmente feitas no verão e no outono (o melhor chá é colhido na primavera), portanto são folhas de segunda mão, de qualidade mais baixa, geralmente folhas mais velhas, mais duras, com alguns galhos.

Já o que se produz no Brasil geralmente é bancha desde a primeira colheita, porque os pés das plantas não são preparados qualitativamente para gerarem sencha.


Isso não significa que seja exatamente ruim. Tem gente que gosta mais dele porque tem um sabor mais robusto - e é mais barato. No Japão é tomado muito em várias ocasiões, como o cafezinho aqui pelo Brasil.

Pois resolvi comprar o banchá lá da Loja do chá para experimentar. Não sei porque eu fiz isso, na verdade. Acabei não simpatizando muito com o chá, até porque já me acostumei com chás mais complexos e sutis - e ele vai direto ao ponto, é mais bruto, um pouco mais adstringente do que chás verdes de grande qualidade e deixa um sabor residual que me incomoda; por vezes me lembra chimarrão, inclusive.



Dizem que o nível de cafeína é baixo; não sei se é correto isso, mas até acredito, pois beber sencha me dá um "barato" que o banchá acabou não dando.

Não comprarei novamente, mas não achei de todo mau, por vezes ele cai muito bem, principalmente se você vai comer algo junto.

Lembrando que este banchá, especificamente, é um de muito boa qualidade dentro do seu nível. Outros que há por aí (especialmente em supermercados e "lojas naturais") são extremamente ruins porque são só um pouco melhores que lixo.

Algumas folhas depois de passarem pela infusão
O que: Banchá
De quem: Loja do chá / Porto Alegre
Para comprar: http://www.lojadocha.com.br
Infusão: várias folhas em 220ml por 2 minutos. É dificil medir 3 gramas (a medida usual)  se você não tem balança e as folhas não cabem numa colher de chá, então vou por cálculo: fazendo no bule, tento cobrir o fundo dele com as folhas espalhadas.

23 de novembro de 2012

Tomando chá: Matiana / Talchá

Comprei este chá com nome estranho, Matiana, porque nunca havia experimentado essa combinação: chá verde e maçã. Pareceu interessante - e é. O aroma e o sabor têm muito da maçã, é bom para quem está começando a tomar chá e não quer ir tomando os chás puros. De corpo leve, lembra bala de maçã verde, é doce e agradável.


O chá verde vem do Nepal vem da China (a informação estava/está errada no site, o que leva-se a desconfiar das outras informações também), cultivado, segundo a Talchá, "em altitudes de aproximadamente 2.000 metros e contém altos níveis de antioxidantes"; no entanto, como é leve e discreto, no sabor ele tem pouca participação, aparecendo mais no curto retrogosto. Isso quer dizer basicamente que: o blend tem quase que somente gosto de maçã, o que é ponto positivo para alguns e negativo para outros. Para quem gosta mais do sabor próprio do chá, como eu, este não fica entre os preferidos (embora este chá puro deva ser uma beleza), mas é uma bebida com espírito alegre e combina bem com o verão.

As folhas são de um verde escuro e não são uniformes: temos algumas inteiras, algumas quebradas em pedaços grandes e muitos pedaços bem pequenos. São acompanhadas desses belos pedaços de maçã desidratada e ainda de alguns galhos (pelo menos um galho grande veio no meu pacote, além de alguns pequenos). A infusão resultante fica dessa tonalidade de verde claro e transparente.



O que: Matiana / Chá verde e maçã
De quem: Talchá / São Paulo
Para comprar: www.talcha.com.br
1ª infusão: 1 col. (chá) em 1 xícara (220ml) por 2 minutos aos 85° C, aumentando 30s para uma nova infusão.


16 de julho de 2012

Tomando chá: Green House Blend / The gourmet tea

Este é um blend de chás da Índia e da China, diz a The Gourmet Tea. Não sei nada mais sobre os tipos do chá incluídos porque eles se recusaram a responder os dois contatos que eu fiz para pedir alguma informação extra. Não me disseram nem "oi" nem "oi?". Não sei qual a finalidade de não responder a um consumidor que tem dúvidas pertinentes sobre um produto do qual eles não dizem muita coisa (aliás, alguém que se dispunha a escrever sobre o produto deles). Enfim, o chá não é assim dos melhores mesmo, e com a antipatia que arrecadaram eu não poderia nem gostar mais.


É muito diferente dos chás verdes tradicionais. Pelo menos dos chineses. Nunca provei chá verde indiano, talvez seja assim mais herbal mesmo. De qualquer forma, é um sabor que, em princípio, não me agrada muito, se afasta muito do chá verde para eu achar um bom chá verde. Entretanto, isso deve ser um ponto positivo para quem não vai muito com a cara dos verdes.

Embora não me recorde que gosto têm boldo e erva cidreira, me lembrei deles quando bebi. Na verdade, nem foi preciso tomar, é só abrir a latinha de papelão que o aroma se pronuncia. O sabor e o aroma muito herbais têm notas de orégano e pode lembrar um pouco pimenta-do-reino na boca. É gostoso se esta for a sua intenção: algo que lembra infusão medicinal e é um pouco exótico.


Vendo por este ângulo, é bom, tem um sabor confortável, encorpado, e não tem propensão a ficar amargo. É agradável para acompanhar salgados, cai bem num dia frio e talvez seja bem refrescante gelado (não experimentei).

A qualidade dele é que não me parece assim das mais "gourmets". Muitas folhas quebradas; bem quebradas, quero dizer, do tipo que passam pelo coador. E muitos galhos. Embora vir galhos não seja um pecado mortal, vir muitos galhos e folhas muito quebradas (quando este não é o objetivo) é um índice de pouco critério na produção, na colheita, no empacotamento, no transporte, sei lá onde, mas é.

Galhos e folhas bem quebradas

Comprei em uma loja Café do Mercado, por R$ 30,00 a embalagem de 45g, em maio. A infusão fica uma cor laranja escura; as folhas secas parecem ser de dois tipos, algumas mais escuras, meio enroladas, e outras de um verde pouco saturado (às vezes tendendo ao marrom), parecem prensadas; depois de passarem pela água, às vezes parecem que foram mastigadas, de tão quebradas que são (depende de que porção você pega,
várias folhas são de bom tamanho). 


Preparo geralmente com água entre 85° e 90°C, deixando em infusão por um pouco menos de 3 minutos. Dá para fazer uma boa segunda infusão com 1 minuto a mais, e não lembro se já tentei fazer uma terceira (não gostei tanto assim). Se quiser poupar, use só meia colher e aumente o tempo de infusão. 

O que:  Green Tea House Blend / Chá verde
De quem: The Gourmet Tea / São Paulo
Para comprarhttp://thegourmettea.com.br (em Porto Alegre, nas lojas Café do Mercado)
1ª infusão: 1 col. (chá) em 1 xícara (220ml) por menos de 3 minutos aos 85°/90° (ou 1/2 col. por 4 minutos)



18 de maio de 2012

Tomando chá: Golden Thai

Na primeira compra de chás adquiri também um blend de chá preto, chá verde, jasmim e girassol, na Loja do Chá, com o nome de Golden Thai. O aroma das folhas é muito interessante, doce, misturando de leve o jasmim com os cheiros próprios dos chás (com predominância absoluta do jasmim, que é sempre ótimo).


Quando fui prepará-lo me vi com a problemática da junção desses dois chás que têm, por praxe, temperaturas apropriadas de infusão diferentes (o verde pede água com temperaturas menores do que o preto). Mas fui pelo que estava escrito nas instruções: água recém fervida. Com isso eu consegui, depois de algumas tentativas, um tempo de infusão de três minutos. Neste tempo conseguia preservar o sabor (pouco consistente) do chá e ter uma permanência de jasmim na boca que realmente é agradável. Também deveria sentir sabor de girassol? Não sei que gosto tem girassol para saber se senti. Na embalagem diz que o chá teria sabor de jaca com creme. Confesso que uma única vez senti, sim, um leve sabor de jaca, nas outras vezes não percebi.

Aliás, este chá foi problemático. Depois de alguns dias achei que a água fervente não estava colaborando com o sabor, muitas vezes senti gosto levemente amargo de erva-mate e atribuí isso à água muito quente queimando o chá verde. Em contrapartida, a segunda infusão geralmente me saía melhor do que a primeira.  (ver este texto para saber que o que mudou na verdade foi minha chaleira, o chá não teve culpa) De qualquer forma, acho que temos excesso de chá verde ali - principalmente depois da infusão podemos ver as folhas de chá verde abertas e se sobrepondo às de chá preto. Creio que isso, para mim, atrapalhou um pouco a experiência do chá, deixando ele menos marcante (não que chá verde não seja marcante, mas este não trabalha bem com o jasmim).


Seja como for, é um bom chá para se tomar de vez em quando, acompanhado de biscoitos ou algo que não tenha um sabor muito forte nem seja muito doce. Não vai estar entre meus preferidos, mas foi bom prová-lo.

O que: Golden Thai / Preto com verde, jasmim, girassol e aromas
De quem: Loja do Chá / Porto Alegre
Para comprarwww.lojadocha.com.br
1ª infusão: 1 col. (chá) em 1 xícara (200ml) por 3 minutos aos 90°/95°C

Atualização em 13/06/12: É um chá bem enjoativo. Depois de algumas semanas sem tomá-lo, hoje  preparei uma xícara e realmente tive que fazer um certo esforço para terminá-lo. Mas pra quem gosta de bebida doce e aromática, vale experimentar.

(Fotografias: Ederson Nunes)

16 de maio de 2012

Sabonete de chá verde

Pra quem gosta do cheiro do chá verde, descobri por acaso este sabonete, que tem realmente um perfume que lembra muito as folhas do chá. Da marca Roger & Gallet, custa R$ 28,00 cada um nas farmácias Panvel e neste site tem a caixa com três unidades por R$ 45,90.



10 de maio de 2012

Tomando chá: Lung Ching

Os primeiros chás de folhas soltas que eu comprei, como falei no primeiro post, foram um preto aromatizado e um verde puro. Queria provar um verde puro para ver se eu ia mesmo gostar. Ler sobre chás é ótimo, mas a prática poderia ser bem diferente. Não foi. Comprei um Lung Ching e achei realmente ótimo.


O Lung Ching (também chamado Longjing) é um dos chás mais tradicionais (e, geralmente, com valor mais alto) da China. As folhas são secas sendo pressionadas manualmente contra as paredes de uma grande panela de metal, o que as deixa com uma característica forma achatada. O original é plantado na província de Zehjiang. Este que eu comprei na Loja do Chá não sei de onde veio, nem quando foi colhido, pois não tem indicação. O Lung Ching tem 7 graduações de qualidade, que são: Superior, Special e graus de 1 a 5, sendo o 5 o de menos qualidade. Este que comprei é intitulado de 1° grau.

Os chás verdes que eu conhecia até então eram os de saquinho. Geralmente amargos, sem nenhuma riqueza no sabor (sem falar na péssima qualidade das folhas em pó dentro dos sachês). Ao provar este chá realmente o mundo dos chás fez sentido para mim. É um outro sabor. De cor verde-amarelado bem claro, é muito suave, até algo doce, sabor complexo e agradável.


Nos testes para a infusão que eu mais gostasse cheguei neste resultado: para fazer uma xícara utilizei duas  uma colher de chá e deixei em infusão por três dois minutos e meio, em água em torno dos 75°C. Para uma segunda infusão com as folhas, usei o mesmo tempo, dando um resultado muito próximo à primeira. Já a terceira infusão não ficou boa para mim.

Como não tenho ainda termômetro, para chegar a supostos 75°C eu deixo a água iniciar a ferver e logo desligo (quando as bolhas menores estão começando a se formar), aguardo um pouco e acrescento às folhas. Como aqui é outono agora, antes de acrescentar a água quente nas folhas eu aqueço a xícara (e o bule, se for o caso) com um pouco de água quente antes. Fica em uma temperatura ideal para tomar logo em seguida.

O que: Lung Ching 1° grau / Verde
De quem: Loja do Chá / Porto Alegre
Para comprarwww.lojadocha.com.br
1ª infusão: 1 col. (chá) em 1 xícara (200ml) por 2,5 minutos aos 75°/80°C

(Fotografias: Ederson Nunes)

9 de maio de 2012

As cores do chá: Verde

No oriente o chá mais consumido é o chá verde. Por aqui no ocidente ele veio chegando aos poucos e acabou se tornando conhecido por suas propriedades funcionais. Diversos estudos têm mostrado os benefícios do consumo de chá, principalmente os verdes e os brancos.

O chá verde (e todos, de modo geral) tem várias maneiras de ser cultivado e processado, dependendo do tipo de chá desejado. O chá verde tem três momentos de colheita durante o ano, na pimavera, no verão e no inverno. Geralmente os chás de mais alto valor, com as folhas de maior qualidade, são os da primeira colheita (mais ou menos entre abril e maio, na Ásia).

O chá, depois de colhido, passa pelo processo de secagem, onde as folhas devem perder seu liquido para não oxidarem (chá verde é pouco ou quase nada oxidado), passam então pela fase de rolagem, durante a qual tem substâncias naturais liberadas, que irão constituir seu aroma e sabor, e ganham forma (são enroladas, prensadas, afinadas...); então passam novamente por outro processo de secagem, para reduzir ao máximo sua umidade. A colheita e cada uma dessas partes da produção podem ser realizadas por máquinas ou com trabalho exclusivamente manual.

(O processo aqui está simplificado, as folhas podem passar diversas vezes por cada uma desss fases, dependendo o tipo de chá que está sendo produzido.) 

Há muitas variedades de chá verde. Um dos principais países produtores, o Japão, classifica os chás levando em consideração qualidade das folhas e como elas são processadas. Por lá o Gyokuro é o chá de mais alta categoria (e mais alto preço). Antes de ser colhido as plantas que o produzirão são cobertas durante duas semanas, assim concentrando clorofila nas folhas. É um chá de folhas muito verdes, com alto teor de cafeína e sabor adocicado. Já o chá mais consumido é o Sencha, cujas plantas crescem expostas diretamente ao sol.

Na China, alguns dos chás verdes mais conhecidos são o Longjing, da província de Zhejiang, o Biluochun, de Dong Ting, e o Gunpowder, que se refere à forma como um chá é enrolado (em forma de bola, como grãs de pólvora).
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