31 de outubro de 2012

Livro pintado com chá

Acho tão bonita essa história em quadrinhos sobre uma senhora solitária que faz parar de funcionar o próprio aquecedor para poder chamar um técnico e ter companhia para o chá - e o mais interessante é que boa parte foi desenhada exatamente com chá.

O autor é A. J. Poyiadgi e este trabalho foi para sua participação no Graphic Short Story Prize 2011. Ele conta que utilizou o chá English Breakfast, em infusão de 6 a 8 minutos, para pintar - e todo o chá que sobrava era o combustível dele para passar as noites.

Para ler, é só clicar aí nas figuras, ou entrar no site dele. Há uma versão impressa, mas não consegui encontrar algum lugar que venda online.




Teapot Therapy

E, bem, não é um livro, mas não queria chamar de, sei lá, graphic novel.


27 de outubro de 2012

Provando amostras

Há meses estou com a função de tomar os chás das amostras que a Márcia, do Folha do chá, gentilmente me enviou e acabei tendo um desencontro temporal entre fazer as fotos, provar, tomar notas e fazer o post aqui. Agora consegui juntar todas as funções e a disponibilidade necessária para isso e aí está. 

É forçoso dizer que muitos dos chás eu provei em agosto e tomei notas à mão em um caderno, e agora, quando fui copiar, acabei talvez não concordando com algumas coisas. Mas nem pude partir para o desempate, porque quase todos já acabaram. 



Baunilha - Tee Gschwendner – Não gosto muito do aroma dele, mas o sabor é bom, - apesar de não me lembrar baunilha - o chá preto fica com característica mais doce e suave, me lembra bolo (de baunilha, talvez). Nota: 3,5/6 


Blackcurrant - Harney & Sons - Chá preto com blackcurrant (cassis), neste sachê ótimo; encorpado, um tanto amargo mas bem saboroso, apesar de não ter achado que combina muito comigo. Nota: 3/6


Genmaicha – Maruko of tea – Primeira vez que provo este tradicional chá japonês que tem grãos torrados de arroz. Não sabia o que esperar e acabei achando muito bom: um sabor torrado bem agradável. Nota: 5/6 



Nutelate – Adagio – Blend criado pela própria Márcia (na Adagio dá pra fazer isso, acho uma beleza), misturando chá preto do ceilão, avelã e chocolate. A avelã tem bastante presença, fica um sabor interessante (embora eu não seja fã de avelã), macio, agradável de beber. Nota: 4/6


O’connors Cream – Tee Gschwendner - Chá preto com cacau que quer ter sabor de whisky, o que, para mim, não funcionou, deixou o chá amargo e um tanto enjoativo. Num primeiro momento me lembrou um pouco o rooibos com cacau que já provei. Nota: 2/6


Pure Assam – Kho Cha - Preto indiano, frutado, interessante, mas com pouca presença, me lembra um chá em saquinho chamado Royal Blend, que não existe mais. Nota: 3/6



Pure Darjeeling – Kho Cha - Outro indiano, as folhas são bonitas, parece ótimo, mas o corpo é leve demais, falta sabor, sendo um tanto tedioso de beber. Nota: 2/6



Rooitea Tulsi Limoeiro – Loja do chá (Porto Alegre) – Blend de vários ingredientes, dentre os quais se destacam o tulsi (um tipo de manjericão), capim-limão, cascas de limão e gengibre, além do rooibos. Não identifiquei muito o rooibos no meio, achei com sabor de limão demais, o que, para minha preferência, acabou sendo um ponto negativo (pq eu gosto mais de rooibos), mas é bom para quando se quer uma bebida mais herbal e cítrica. Nota: 3/6 


Rooitea Orange - Tee Gschwendner – Um aroma ótimo, mas não consegui me identificar com o sabor. Não é muito cítrico (o que acho bom), mas achei seco e enjoativo. Nota: 2/6 


Sonhos de Sena – Cuida Té - Acharia ótimo se fosse um bom chá preto com fundo de canela, mas a canela invade tudo, escondendo os outros ingredientes do blend (tenho problema com canela). Nota: 1,5/6 


Verde – Yamatoyama – Chá brasileiro, sabor realmente “verde”, me lembra de leve o Lung Ching, vegetal mas não amargo. Nota: 4,5/6


Os comentários aqui são só anotações rápidas para eu me lembrar do que posso querer comprar no futuro, assim como as notas representam somente minha impressão muito pessoal. Havia também duas amostras do Chá Yê, que reservei para falar em um post específico (ou não).



17 de outubro de 2012

Provando infusões de frutas Dr. Oetker

Recebi da Dr. Oetker três infusões de frutas para provar, eis aqui algumas impressões sobre elas. 

(Antes de tudo, só para esclarecer, sensação de adstringência é quando sua boca fica "repuxada" ao beber ou comer algo, como quando você morde um limão.)


Não gosto, em princípio, de algo que é para ser uma coisa e tem sabor de outra coisa, e também não gosto de ser obrigado a adoçar nada, mas, sim, concordo que essas infusões são "para adoçar" e, por isso, não sou seu público-alvo - e não as recomendo.

Maçã e canela - Aroma sensacional de - oh! - maçã e canela, faz lembrar apfelstrudel, tanto dos sachês quanto da infusão já preparada. A cor da infusão é vermelha e, embora isso não fosse o esperado - já que eu imaginava algo mais puxado para o marrom - é uma cor que lembra a casca da maçã, então ok. No entanto, o sabor da bebida não adoçada não corresponde ao aroma: adstringente e cítrica, lembra hibisco demais e tem só um fundo que traz notas de maçã cozida (não bom). No entanto, ao adoçar (o que nunca faço, mas quis experimentar) o sabor muda bastante, a adstringência cai e podemos sim perceber a maçã; uma maçã vermelha com casca, parece. Acaba sendo um tanto agradável, mas ainda com um pouco de adstringência. Ingredientes: maçã, canela-do-ceilão, hibisco, laranja-doce, camomila, rosa silvestre, chicória, aromatizante e acidulante ácido cítrico. Nota: 1,5/6

Morango silvestre - O aroma lembra bastante biscoito recheado de morango - aquilo que você sabe que não é morango de verdade, mas identifica como tal. A infusão pronta é bem adstringente, sendo tomada pelo hibisco (sempre ele!), não deixando o sabor de morango prevalecer. Ao ser adoçado, o sabor de morango ganha forma, mas fica lado a lado com a adstringência, que deixa a boca toda constrita (não é uma sensação que eu goste). Ingredientes: maçã, hibisco, laranja-doce, chicória, rosa silvestre, morango, aromatizantes. Nota: 1/6

Frutas do bosque - O aroma do sachê não me é definível, mas me lembra frutas vermelhas, ou roxas (que é o que parece se tratar, pela cor da embalagem e ingredientes). O aroma da infusão preparada já puxa para gelatina de uva - o que não é tão agradável, fica parecendo artificial demais. A cor da infusão, que esperava-se fosse arroxeada, é também avermelhada (hey, hibisco!). O sabor acaba também caindo demais para o lado do hibisco, sendo muito adstringente e levemente lembrando framboesa (ou morango). Este sabor ganha um pouco mais de destaque ao adoçar a bebida, mas continuando a ser bem adstringente, como na outra infusão. Experimentei gelado também (deixei 2 sachês em 300ml de água fria por algumas horas), e o resultado sem açúcar foi também bastante adstringente e desagradável; com açúcar me lembrou demais refresco em pó. Ingredientes: hibisco, maçã, chicória, groselha negra, rosa silvestre, mirtilo, framboesa, aromatizantes. Nota: 1/6

Cores praticamente iguais: Maçã com canela, Morango silvestre, Frutas do bosque

Pois então, eu tomo chás - ou infusões - sem nenhum tipo de adoçante; no entanto, para que esses se tornassem bebidas mais ou menos agradáveis foi necessário uma colher (ou mais) de açúcar em cada xícara - sem adoçar a adstringência era muito alta e o sabor de hibisco prevalecia completamente.

Para quem adoça sua bebida e não se incomoda de sentir um sabor adstringente meio cítrico em algo que não deveria ser assim, são produtos tomáveis.

A cor das três infusões é praticamente a mesma (contrariando a expectativa): um vermelho vivo, às vezes puxando um pouco para o magenta, que é tão bonito que resolvi fazer um vídeo mostrando como se dá a distribuição de cor na água quente através do saquinho. Aqui está:





Onde comprar? Em supermercados, mercadinhos e mercearias de todo Brasil (imagino).

E lembre-se: infusões de frutas não são chás (saiba mais).

11 de outubro de 2012

Receita: Cookies de aveia e chocolate

Me revoltei contra biscoitos de supermercado - acho 80% ruins demais e 20% caros demais (podendo também ser ruins), então ali por abril comecei a fazer cookies (biscoitos, biscuits, bolacchas, enfim...) em casa. Daí acabei desenvolvendo algumas receitas por mim mesmo e esta é uma delas. Combina bem com um chá preto encorpado, puro ou com leite - e também fica ótimo só com leite gelado.


Cookies de aveia e chocolate

1 xícara de aveia
1 xícara de farinha de trigo
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
3/4 xícara (chá) de açúcar mascavo
5 1/2 colheres (sopa) de chocolate em pó
1/2 colher (chá) de canela em pó
7 colheres (sopa) de margarina sem sal

O bom é juntar todos os ingredientes secos, misturar, e então acrescentar a margarina e ir amassando até formar uma massa seca, mas que não desfarele. Geralmente eu acrescento um pouco mais de margarina no fim (algo em torno de 1/2 colher). Não pode ficar muito úmida, para os cookies não achatarem no forno.

Faça biscoitos do tamanho que desejar (eu gosto grande), em formato de bola achatada, com uma distãncia de uns 2 centímetros entre cada. Leve ao forno (bem) pré-aquecido e deixe lá por uns 30 minutos. Rende 12 cookies grandes.



* Geralmente uso aveia em flocos da marca Soberana, cujos flocos não são muito grandes. Mas já usei aveia em flocos finos e grossos de outras marcas e não houve grande diferença no cookie.

* Por algum mistério químico, os cookies ficam duros se for usado fermento químico ao invés de bicarbonato. Portanto, te digo: use bicarbonato!

* Iniciei esta receita fazendo com chocolate em barra ralado - mas dá um trabalho do cão. Se você quiser ter trabalho, em torno de 70g de chocolate meio amargo ralado dá um bom resultado.

* Só dá para usar chocolate em pó Nestlé ou Neugebauer. Todos os outros que testei (Garoto, CBS, Valore, Bom preço, que são as opções por aqui) deram resultados medíocres porque são medíocres.

* Sempre usar margarina com alto teor de lipídios - sim, mais gordura; só assim vai funcionar direito - por exemplo: Doriana, Delícia, Qualy...

* A fôrma que tenho usado (porque é a maior) acumula muito calor e alguns biscoitos queimam em baixo. Neste caso, não faz mal que queime um pouco - até colabora para o sabor.



10 de outubro de 2012

O que é chá

Um post para juntar informações. Abaixo estão os links para os textos sobre os tipos dos chás que já publiquei aqui no blog. Mas também gostaria de rever o assunto básico: o que é chá.

Como já falei, chá vem de uma e única planta: Camellia sinensis; assim como o café vem do cafeeiro (Coffea sp.) e o guaraná vem do guaranazeiro (Paullinia cupana Kunth). Portanto, o chá é um produto originado de tal planta, e só dela: pode ser feito com as folhas, brotos e/ou galhos, dependendo do chá que se deseja.

Tudo que não é chá, é apenas uma infusão de algo (infusão é deixar alguma coisa em água quente para dela se extrair sabor, cor, propriedades etc). Chá, a bebida já pronta, é também uma infusão - uma infusão das folhas de chá. Mas o que não vem da Camellia sinensis (e não é chá) não se transforma em chá só porque passou pela água quente.

"Chá" não é sinônimo de bebida feita com água quente. Juntar folhas de hortelã e fazer infusão não a transforma em chá - você só faz uma infusão de hortelã. Chá é o que vem da Camellia sinensis e a infusão dela resultante.

A planta do chá (sempre quis usar esta ilustração)


Portanto, chá (o que vem da Camellia sinensis) é chá mesmo se for em saquinho, em folha inteiras, folhas quebradas ou misturado com alguma outra coisa (no caso, seria um blend). Chá é chá mesmo antes de passar pela infusão, mesmo ainda na lavoura (o pé de chá, as folhas de chá).

Obviamente se chama chá de forma generalizada a tudo que é infuso - nada contra, mas não é tecnicamente "correto" e aqui no blog só trato como chá aquilo que é chá.

Deixando isso esclarecido - já que já me perguntaram algumas vezes - deixo aqui links para os textos sobre os tipos de chá (as suas "cores"):









8 de outubro de 2012

Tupi + Twinings: o meu blend

Não consegui me adaptar ao Earl Grey Twinings, infelizmente. É um chá super famoso na Inglaterra, dos mais tomados por lá, e sempre achei interessante ser (como todo earl grey) um chá preto aromatizado com óleo de bergamota. Mas eis que na hora de beber, não foi nada do que eu havia idealizado. Aliás, só um aviso: não é bergamota-tangerina-mexerica, é bergamota italiana, algo que deixa um sabor mais puxado para o limão. Cítrico, um tanto adstringente, me lembra muito sabonete, parece que estou bebendo detergente líquido. Não funcionou comigo, não consegui beber meia xícara nas minhas tentativas, apesar de ter um aroma perfumado sensacional, que extrapola a lata - tive que deixar separado dos outros chás para não "contaminar". Deixei assim alguns meses depois que a Márcia me trouxe do Uruguai, somente usando para fazer (bons) biscoitos, cuja receita publicarei por aqui em breve.

Daí há alguns dias tentei fazer um blend de chá preto puro com o earl grey. Ia tentar com o Qimen, mas pensei que um chinês não ia funcionar bem. Pois certei: o chá Tupi funcionou perfeitamente.


Chá Tupi é produzido em São Paulo, é um chá preto que vem com as folhas soltas na embalagem de 100 gramas (único chá preto que não é de saquinho que encontra-se nos supermercados em Porto Alegre - e só em alguns Zaffari). Não tem 20% do glamour de um earl grey Twinings, nem a mesma qualidade de um bom chá gourmet, mas é um passo além dos chás de sachê - as folhas não são tão moídas quanto os pozinhos que vem nos sachês, tem mais sabor, um aroma discreto mas bem perceptível e é mais encorpado. (Não consegui informações sobre o chá - sempre quis saber mais e logo que iniciei o blog escrevi para a empresa, mas ninguém respondeu...).



A combinação dos dois resulta num chá suave, levemente cítrico, com o sabor de bergamota italiana se revelando ao final. Assim acho bom, é o chá preto que venho tomando nas últimas duas semanas: meia colher (chá) de cada um para uma xícara de 220ml por dois minutos. Para fazer uma segunda infusão aproveitando as mesmas folhas eu acrescento mais um pouco de Tupi (ele sozinho não é bom para re-infusionar, então dou essa ajudazinha com folhas novas). Pode acrescentar o dobro de chá Tupi e colocar um pouco de leite - fica ótimo também.

Na imagem pode-se achar que as folhas do Tupi são semelhantes às do Twinings, mas na verdade o chá brasileiro é picotado, o que o deixa todo em pedacinhos iguais que não ultrapassam 4 milímetros. Já o Twinings é feito de folhas inteiras (embora quebradas), o que faz com que no meio de muitos pedaços pequenos encontrem-se outros de 10 até 15 milímetros também.

Atualização: O chá Tupi é plantado e processado pela Amaya (leia sobre o chá preto Amaya aqui), eles vendem também só com a marca Amaya e fornecem para a empresa que embala e vende como Tupi.

3 de outubro de 2012

O que é chá vermelho (ou não)


Eis que me deparei há uns tempos no supermercado com uma caixinha de chá em saquinho dizendo ser chá vermelho. Fui olhar para ver do que se tratava, pois chá vermelho por aqui, pensava eu, poderia ser duas coisas: rooibos ou chá preto (que na China chamam de vermelho). Mas não, para minha surpresa era pu-erh!

Primeiro que meu espanto total foi saber que existe pu-erh (da marca Chá Prenda, no caso) sendo vendido em saquinho por R$ 4,00. Segundo, saber que, pelo jeito, esse pu-erh é produzido no Brasil, na cidade de Senador Salgado Filho, aqui no Rio Grande do Sul (o que eu acho ótimo, se for feito direitinho). Terceiro, claro, ver que pu-erh está sendo identificado como chá vermelho. Diz assim na caixinha:

"O Chá Vermelho é popularmente conhecido na China como Pu-erh, proveniente da planta Camelia Sinensis."

Opa, mas isso não está correto! Repito: Chá vermelho, na China, é o que conhecemos aqui como chá preto. Chá preto, na China, é Pu-erh. CHÁ PRETO, não vermelho. Pu-erh, no ocidente, também tenta ser conhecido como "chá escuro" (dark tea), para não confundir. Não é bom chamar "errado" e colocar a culpa no chinês...





No entanto esta marca não é, agora já sei, a única que difunde o nome "vermelho" de forma "equivocada". Pesquisando um pouco na internet encontramos muitas algumas outras referências a esta troca de nomes e tipos (assim como encontramos outra marca que vende chá vermelho como sendo oolong). Muitos desses produtos em países de língua espanhola- em inglês e francês ainda "chá vermelho" se refere a rooibos.

Dr. Oetker também vende um chá vermelho e, embora não o identifique, faz uma distinção entre ele e o chá preto, e fala de um longo processo de fermentação - ou seja: pu-erh; eu mesmo já provei um pu-erh em saquinho uruguaio chamado "té rojo" (chá vermelho em espanhol).

Bom, me parece, a estas alturas, que pu-erh vai ficar sendo chamado por aqui de vermelho. Até por isso usei aspas no parágrafo anterior ao falar do nome "equivocado": se todos chamam de algo, acaba sendo este seu nome (como aconteceu com o chá preto). Mas é bom que se saiba que esta não é a nomenclatura original, e que há outras possibilidades de chás com o mesmo nome de cor. Portanto, chá vermelho pode ser tanta coisa, já que pode ser qualquer negócio, que é bom ver do que se trata antes de comprar, provar ou falar mal.

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(Não sabe o que é pu-erh? Já falei mais sobre este tipo de chá fermentado - e por vezes envelhecido - aqui no blog, é só ver os posts que tratam deste assunto: chá pu-erh).

Para comprar o autêntico pu-erh, recomendo a Chá Yê. Encomende pelo site: http://chaye.com.br/loja.php
                                                                                                       

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