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3 de outubro de 2012

O que é chá vermelho (ou não)


Eis que me deparei há uns tempos no supermercado com uma caixinha de chá em saquinho dizendo ser chá vermelho. Fui olhar para ver do que se tratava, pois chá vermelho por aqui, pensava eu, poderia ser duas coisas: rooibos ou chá preto (que na China chamam de vermelho). Mas não, para minha surpresa era pu-erh!

Primeiro que meu espanto total foi saber que existe pu-erh (da marca Chá Prenda, no caso) sendo vendido em saquinho por R$ 4,00. Segundo, saber que, pelo jeito, esse pu-erh é produzido no Brasil, na cidade de Senador Salgado Filho, aqui no Rio Grande do Sul (o que eu acho ótimo, se for feito direitinho). Terceiro, claro, ver que pu-erh está sendo identificado como chá vermelho. Diz assim na caixinha:

"O Chá Vermelho é popularmente conhecido na China como Pu-erh, proveniente da planta Camelia Sinensis."

Opa, mas isso não está correto! Repito: Chá vermelho, na China, é o que conhecemos aqui como chá preto. Chá preto, na China, é Pu-erh. CHÁ PRETO, não vermelho. Pu-erh, no ocidente, também tenta ser conhecido como "chá escuro" (dark tea), para não confundir. Não é bom chamar "errado" e colocar a culpa no chinês...





No entanto esta marca não é, agora já sei, a única que difunde o nome "vermelho" de forma "equivocada". Pesquisando um pouco na internet encontramos muitas algumas outras referências a esta troca de nomes e tipos (assim como encontramos outra marca que vende chá vermelho como sendo oolong). Muitos desses produtos em países de língua espanhola- em inglês e francês ainda "chá vermelho" se refere a rooibos.

Dr. Oetker também vende um chá vermelho e, embora não o identifique, faz uma distinção entre ele e o chá preto, e fala de um longo processo de fermentação - ou seja: pu-erh; eu mesmo já provei um pu-erh em saquinho uruguaio chamado "té rojo" (chá vermelho em espanhol).

Bom, me parece, a estas alturas, que pu-erh vai ficar sendo chamado por aqui de vermelho. Até por isso usei aspas no parágrafo anterior ao falar do nome "equivocado": se todos chamam de algo, acaba sendo este seu nome (como aconteceu com o chá preto). Mas é bom que se saiba que esta não é a nomenclatura original, e que há outras possibilidades de chás com o mesmo nome de cor. Portanto, chá vermelho pode ser tanta coisa, já que pode ser qualquer negócio, que é bom ver do que se trata antes de comprar, provar ou falar mal.

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(Não sabe o que é pu-erh? Já falei mais sobre este tipo de chá fermentado - e por vezes envelhecido - aqui no blog, é só ver os posts que tratam deste assunto: chá pu-erh).

Para comprar o autêntico pu-erh, recomendo a Chá Yê. Encomende pelo site: http://chaye.com.br/loja.php
                                                                                                       

10 de julho de 2012

Vídeo: Como preparar pu-erh

Assim que recebi meus mini pu-erhs resolvi fazer um vídeo, algo que há tempos estava pensando. Quando procurei informações de como prepará-los me deparei com dezenas de textos e vídeos de instruções no método chinês (gong fu), que tem uma outra proposta, mas nada de modo "ocidental" (a não ser vídeos toscos de pessoas botando o pu-erh iteiro num copo e tentando despedaçar com uma colher).
Provavelmente nem tudo que eu faço seria aprovado pelo Comitê Chinês do Chá (o CCC, que, se não existe, deveria existir),  mas é um jeito decente de preparar. E o vídeo foi divertido de fazer.





4 de julho de 2012

Pu-erh dos infernos

Parecia algo interessante, uns chás pu-erh com preço baixo no Ebay. Aceitei o presente e aguardei quase dois meses para eles chegarem (não é fácil comprar nada da China ultimamente). Chegaram e são esses aí. Bem bonitinhos, os quadradinhos puros e os redondinhos aromatizados (dizem) com crisântemo, inclusive com algumas pétalas no meio.


O próximo passo foi preparar. É bem divertido, bom para relaxar: tem que separar as folhas, fazer uma primeira infusão para "lavar", depois a infusão propriamente dita. Achei tão bacana que fiz um vídeo, que estará por aqui em breve...

Pu-erh pelado
A última etapa era beber e deliciar-se (pelo menos era este o objetivo). Porém, preparei um dos redondos e achei tão ruim que não consegui tomar mais que meia xícara. Um gosto de terra velha molhada que não é nada agradável. Sei que pu-erh tem um gosto mais ou menos terroso, que vem do processo de envelhecimento, e que os envelhecidos de verdade são mais suaves, teoricamente, e os envelhecidos artificialmente têm um sabor mais pronunciado, mas realmente espero que um bom pu-erh não se assemelhe em nada a esse gosto de água que lavou a botina do imperador Ming.

Para comparação de tamanho: são pequenos os medonhos
Imagino que estes que provei se comparam aos pu-erhs "reais" assim como um saquinho de chá preto Multiervas se compara a um Keemun: o nível de qualidade e exigência é outro. No Brasil, sei que há para vender pu-erh de boa qualidade no Chá Yê e na Talchá. Espero prová-los e gostar quando for a hora. 

28 de junho de 2012

Pu-erh - o chá envelhecido (agora conhecido como chá vermelho)

Em vários pontos o mundo dos chás se assemelha ao mundo dos vinhos. Um desses pontos é o fato de que alguns chás (e vinhos) são produzidos para serem envelhecidos e, assim, ganharem sabor único. No caso dos chás, os envelhecidos são os fermentados, conhecidos como "dark teas". O principal dark tea é o Pu-erh (também escrito pu'er ou puer), chá envelhecido chinês originário da província de Yunnan. (Atualmente tem-se associado esse tipo de chá ao nome "chá vermelho" no Brasil, embora seja uma nomenclatura um tanto arbitrária - saiba mais).
Foto de Kazuhiko Suzuki
Existem dois tipos de Pu-erh: o cru (sheng), que basicamente consiste nas folhas de chá processadas e preparadas para o envelhecimento; é parecido, nesta fase, com um chá verde, e, se for utilizado em infusão assim, resulta em uma bebida adstringende verde-amarelada. Este chá "cru" será prensado e armazenado para naturalmente fermentar através do tempo (alguns anos), dando origem ao Pu-ehr envelhecido. 

O outro tipo é o "amadurecido" (shu), às vezes também chamado "cozido", que é o Pu-ehr cru que passa por um processo de aceleração da fermentação, que pode durar "apenas" algumas semanas, dando assim origem a um chá artificialmente envelhecido. Este é basicamente o que é vendido no Brasil e no mundo ocidental em geral, a não ser que indicado ao contrário - ou seja não é envelhecido de verdade, mas é pra ser parecido.

A cor da infusão do Pu-erh envelhecido e a do amadurecido podem ser semelhantes: geralmente um vermelho meio marrom bem escuro, mas a qualidade do chá é diferente: o envelhecido é, em termos gerais, muito mais suave no sabor e mais complexo - além de ter um valor financeiro bem mais alto: um Pu-erh com décadas de idade pode custar milhares de dólares (e algumas pessoas realmente fazem disso um investimento: comprar agora para vender, mais caro, anos depois).

Foto do site Esgreen
O Pu-ehr na China geralmente é prensado em diversas formas (disco, ninho, tijolo etc). O tipo amadurecido, imitando envelhecimento, geralmente é vendido, no Ocidente, em folhas soltas, mas na China também encontra-se muitos em formatos prensados (procure no Ebay para ver só). O sabor do chá geralmente tem algo de terroso (os de mais baixa qualidade podem chegar a ter muito gosto de terra e às vezes de peixe), e vai ficando mais rico e mais adocicado com o passar do tempo.

Foto de brian.ch
Para saber mais, um bom texto é este: "Puer to the people", do blog The Tea Urchin, (descobri o texto pelo site do Chá Yê). Mais informações variadas também no site Esgreen.



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