Estou eu aqui com alguns chás Yamamotoyama para escrever a respeito há um tempo, e nunca me arranjava tempo e disposição para provar, anotar, testar, fotografar. Eis que a disposição chega e então vamos à luta.
A Yamamotoyama do Brasil é uma empresa brasileira, com cultivo dos chás no interior de São Paulo, assim como outras marcas das quais já falei aqui (
Amaya e
Obaatian). Até pouco tempo, era a única que produzia chá verde decente em solo brasileiro, agora a Amaya está se propondo a isso também - embora a maior experiência, técnica e variedade de tipos ainda deixem a Yamamotoyama bem na frente.
O
site deles é bem bom em explicações, você pode visitar lá e saber que "em 1970, foi fundada em Tapiraí, Estado de São Paulo, a empresa Green Tea, predecessora da Yamamotoyama do Brasil", entre outros detalhes da empresa.
Eles me enviaram três tipos de chás para eu provar, logo abaixo falo sobre cada um deles. São todos verdes - eles só produzem chá verde e um chá branco. As instruções de preparo são as mesmas para todos, e são um pouco confusas (pedem para colocar as folhas em uma chaleira - o que pode parecer que é pra fazer cocção e não infusão - e depois despejar "a água fervida", mas não disseram pra ferver a água) mas, enfim, imaginei o que eles estava querendo dizer e preparei todos do mesmo jeito:
utilizei em torno de dois gramas de chá para uma xícara de 210 ml, o que dá uma colher de chá bem cheia de folhas, ou duas rasas;
coloquei água quente, em uma temperatura de aproximadamente 80ºC, e deixei por dois minutos (água boa para chá verde é entre 80ºC e 85°C, geralmente; é só desligar quando começar a querer se formar borbulhas grandes no funda da chaleira, ou deixar ferver e aguardar uns dois a três minutos antes de colocar no chá). Nestes chás o tempo e a temperatura são importantes, pois amargam fácil, é bom se ligar se não quiser ficar com uma infusão ruim na sua xícara. O resultado temos a seguir:
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Guenmaicha - é o tradicional chá japonês com arroz torrado (foto mais abaixo). Uma diferença deste chá Yamamotoyama é que os outros guenmaichas que eu conheço vêm com os grãos de arroz no estilo "flocos", alguns até com os flocos estourados como pipocas (
veja aqui um exemplo), e este aqui vem com o que parece mesmo arroz cru torrado. É bom, suave, com o característico sabor tostado do arroz, e o chá sem ser amargo, dando uma infusão verde claro - neste caso, é uma mistura muito acertada de
sencha com
bancha, resultando numa bebida leve mas marcante. Guenmaicha acho uma boa opção para acompanhar uma refeição ou pra dar aquela esquentada num dia frio. Diz no site deles que contém
matcha também (o que explica o pozinho verde que cobre as folhas e a cor mais viva da infusão), não sei por que não está escrito isso grande na embalagem, pois é algo que chama a atenção do público, mas para o sabor não faz muita diferença (já havia provado um guenmaicha do Japão mesmo com matcha, e o sabor é parecido demais com o sem matcha).
Nota do Chato dos Chás:
4 de 5 (sabor marcante e leve, sem amargar)
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Bancha torrado - Segundo eles, "é o bancha passado pela máquina de torrefação depois de pronto". Gosto bastante, tem um sabor marcante, que parece alguns oolongs mais oxidados que já provei (
especialmente o Butterfly), não é pesado e, diz a marca, tem pouca cafeína. A cor da infusão é um marrom claro bem transparente. As folhas são amarronzadas também, com aroma forte de tosta. Ele amarga com facilidade, então se deixar um pouco além do tempo já fica com uma bebida menos agradável (se ficar um pozinho no fundo depois de coado, pode crer que o final da xícara estará com amargor).
Quero aqui fazer uma observação: na embalagem deste Bancha, ele tem a identificação "chá verde torrado", o que leva pessoas a crerem que banchá é chá verde torrado, mas não é; banchá é um tipo de chá verde,
como já falei num post aqui. Neste caso, ele é torrado, e a mesma marca tem um outro banchá que não é torrado. Mais claro seria que a identificação na caixa fosse mesmo
Bancha Torrado.
Nota do Chato dos Chás:
3,5 de 5 (porque amarga fácil, acaba ficando uma bebiba menos boa no final da xícara, onde está o pozinho que passou do coador)
Atualização: fui alertado nos comentários sobre o fato de as embalagens trazerem os nomes dos chás em japonês, e a do banchá dizer "houjicha", que é exatamente um chá verde torrado (geralmente bancha mesmo).
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Orgânico - É o que eu mais tomei, porque gosto da proposta deles de fazer um chá orgânico e queria alguma possibilidade de gostar dele porque estava difícil. Segundo a marca, o chá está "na sua forma natural, sem efetuar processos como seleção e processos industriais", daí não acho que vale a pena, já que o que dá o sabor e a característica de cada chá é o modo como é selecionado e processado (além do modo como foi cultivado), se você só vai colher e vender, é como tomar o chá que sua vizinha hippie plantou na hortinha da sacada e não vai ficar legal - pode ser até uma proposta linda, mas não é assim que funciona um bom chá (e estou falando de chá de
Cammelia Sinensis, não de infusão de ervas, que daí pode sim funcionar o "colher e ferver"). Pois não ficou legal mesmo. É o chá com menos sabor e menos profundidade sensorial: ou você faz e ele fica quase sem gosto ou ele fica amargo demais (demais!). Se deixar um pouco mais que dois minutos, ou se colocar água muito quente ou se ficar um pozinho no fundo depois de coado (sempre fica), pode crer que a bebida vai ficar muito amarga e desagradável. Aqui eu lembro: chá verde não tem que ser amargo e desagradável!
Nota do Chato dos Chás:
1 de 5 (porque não adianta ter uma proposta boa - e não digo que ser não-selecionado e não processado é bom, mas sim ser orgânico -, tem que ser um bom chá)
Eles produzem alguns chás de provável maior qualidade, como o sencha e o sincha, estes ainda não provei. Já havia tomado muito antigamente o chá verde mais comum deles, que vendem em pacotes de plástico em vários lugares, e ele era bem bom na época que tomei (falei um pouco dele em
um post sobre amostras).
Para saber onde comprar chás Yamamotoyama, visite o site deles, lá tem uma página para indicar locais de venda (em Porto Alegre, o verde simples do saco plástico se acha com alguma facilidade no Mercado Público).
Site da marca:
http://www.yamamotoyama.com.br